“Esta
é a nossa última tentativa de negociação antes da greve. Viemos
pedir ajuda à Câmara para que a Casa tente convencer o governador Geraldo Alckmin a
pelo menos ouvir as nossas reivindicações”, disse a delegada
Marilda Pansonato Pinheiro, presidente da Associação dos Delegados
da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Os policiais reclamam que,
apesar de há duas semanas a categoria ter entrado em estado de greve
e desde então estar fazendo paralisações regulares e localizadas,
o governador Geraldo Alckmin (PSDB) não aceita discutir.
As entidades reclamam
da defasagem salarial dos delegados e do contínuo sucateamento das
demais carreiras da Polícia Civil. Reivindicam um aumento mínimo de
86,97% (hoje o salário bruto é de R$ 7.208,00) e a reposição dos
postos de trabalho que vêm sendo fechados desde 1994. O déficit,
segundo as entidades, é de oito mil policiais.
Hoje, caso os policiais que
têm direito à aposentadoria se aposentassem, a estrutura do órgão encurtaria em
quase dois terços. A Polícia Civil tem atualmente 27 mil policiais
e, destes, pelo menos 17 mil poderiam, pela lei, requerer a
aposentadoria. “A Polícia Civil fecharia as portas”, diz
Marilda. “Há duas décadas nenhuma vaga é aberta ou preenchida”,
diz o presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil, George
Melão. “Estamos à beira do colapso e estamos pedindo socorro à
sociedade”, acrescenta Marilda.
Segundo as entidades,
o nível salarial da polícia civil paulista está classificado em
26º lugar entre os 27 Estados brasileiros. O empobrecimento da
corporação tem provocado uma enorme debandada de policiais, que
optam por trabalhar em outros Estados ou simplesmente mudam de
profissão. Segundo eles, a região de Campinas precisaria ter, no
mínimo, mais 300 policiais para atender a demanda.
CÂMARA
- O grupo foi recebido pelo presidente da Câmara, vereador
Campos Filho (DEM), e pelo presidente da Comissão de Segurança da
Casa, vereador Tico Costa (PP). Também
participaram do encontro com os policiais os vereadores Marcos
Bernardelli, Luiz Henrique Cirilo e Artur Orsi – todos do PSDB - e Thiago Ferrari (PTB).
“Nós
vamos elaborar um documento pedindo a abertura de negociações;
coletar a assinatura de todos os vereadores e entregar ao governo
do Estado e ao Secretário Estadual de Segurança (Fernando Grella)”,
disse o presidente Campos Filho. “Esta Casa existe justamente para
isso: para ouvir as demandas da população. E estará sempre aberta a
receber os segmentos da sociedade que, de forma ordeira e
democrática, pedem a intervenção do Legislativo. Esse é o nosso
papel”, afirmou o presidente.
Tico
Costa - que presidiu a mesa em parte do ato, quando o presidente Campos Filho precisou sair - disse que pretende agendar uma audiência com o governador e
entregar o pedido pessoalmente. “Assim que tivermos o documento,
vamos a São Paulo para levar a posição da Câmara diretamente ao
governador”, afirmou o parlamentar.
(Texto: Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal)
(Fotos: Lucas Leite/Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal)