quarta-feira, 9 de outubro de 2013

CONSEGs ganham apoio da Comissão para os Assuntos de Segurança nas suas reivindicações


O compromisso de cobrar o Poder Executivo sobre as necessidades e reivindicações dos Conselhos de Segurança de Campinas (CONSEGs) e a congregação de trabalho entre os diversos órgãos municipais e estaduais para solucionar problemas, além de ampliar o programa Vizinhança Solidária por todo o município. Estas foram as principais decisões tomadas depois do encontro de representantes de diversos CONSEGs com a Comissão para os Assuntos de Segurança Pública e também Francisco Sellin, assessor da Secretaria de Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública. A reunião, na Câmara Municipal, serviu para mostrar que apenas com unificação de estruturas haverá a redução dos índices de violência no município. Assim como, segundo o representante dos CONSEGs no Conselho Integrado de Segurança Pública e de Defesa da Vida em Campinas e no Gabinete de Gestão Integrada do Município, Marcos Alves Ferreira, passa pela efetiva estruturação do Gabinete de Segurança do Município, prometido pelo prefeito Jonas Donizette e ainda no papel. “Somos o termômetro da população. Temos de ser ouvidos”, enfatizou Ferreira.
Os principais problemas levantados pelos diversos presidentes dos CONSEGs presentes na reunião mostram que Campinas tem, na sua quase totalidade, carências comuns. Entre eles, estão a precariedade da iluminação pública em ruas e pontos de ônibus, terrenos baldios com mato alto e casas abandonadas (que servem de abrigo a marginais), aparato policial diminuto, falta de condições de trabalho nos órgãos de segurança, pontos de tráfico de drogas espalhados por diversos bairros, excesso de moradores de rua no Centro e adjacências. Além disso, veículos com som alto perturbando o silêncio nas noites e madrugadas, boates e bares sem proteção acústica, altos índices de furtos e roubos de veículos e residências, estupros e violência contra transeuntes em locais públicos e de lazer, como a Lagoa do Taquaral e Centro de Convivência Cultural, completam uma lista.
“Hoje vivemos uma burocracia extrema na questão da segurança primária. Gasta-se um tempo infinito para se fazer um boletim de ocorrência. Muitas vezes, inclusive, uma viatura da PM é obrigada a ficar junto com a vítima para efetuá-lo. E isso tira a viatura do patrulhamento das ruas. Na verdade, houve um crescimento populacional e econômico imenso da cidade nos últimos anos, mas esse crescimento não foi acompanhado de um aparato de segurança na mesma intensidade. E a bandidagem vai para onde há dinheiro”, afirmou Marcos Alves Ferreira.
Segundo ele, “a falta de homens, recursos humanos e materiais, falta de um trabalho integrado de inteligência, não são novidade. O problema é você encaminhar reivindicações ao governo do Estado e não ter nenhuma resposta a elas. Como no caso da nova Seccional de Polícia Civil. Ela virá para nos dotar de um efetivo maior ou dividirá o pessoal da que já existe? Por que se for o segundo caso, tudo irá piorar”, disse Ferreira.

ZUMBIS HUMANOS”
Uma das principais reclamações dos integrantes dos CONSEGs foi quanto ao excesso de moradores de rua no Centro e adjacências, além do crescente tráfico de drogas, furtos e roubos nesta região. “Estamos vendo hoje, no Centro, um verdadeiro exército de zumbis humanos. O Centro hoje é um ponto onde muitos vão para consumir drogas, planejar crimes, furtar pedestres. Aos poucos, amplia-se o medo e a insegurança de pessoas transitarem na região central. Logo, deixarão de fazê-lo. Muitos sequer passarão de ônibus pelo local. E o que veremos é um caos urbano, um comércio falido e um trânsito caótico”, afirmou Fileto de Albuquerque, presidente do CONSEG Centro.
“Campinas tem um atrativo. A prova disso é que com a repressão na Cracolândia de São Paulo o número de moradores de rua se ampliou aqui. Segundo a Prefeitura, eles são 601. Mas esses são aqueles com endereço fixo. Há pelo menos mais 300 passantes. Muitos são foragidos da lei, bandidos em potencial e informantes do tráfico. Só uma ação conjunta de diversos órgãos e secretarias municipais é que poderá impedir esse caos”, disse Albuquerque.
Em resposta às declarações, o assessor da Secretaria de Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública, Francisco Sellin, afirmou que “o morador de rua não é só um caso de polícia”. “A verdade é que não há, hoje, onde colocar esse pessoal. Precisamos, sim, como já está sendo feito, de ações em conjunto para buscar uma solução. Precisamos impedir que outras cidades continuem a mandar moradores de rua para Campinas. Afinal, também sabemos que, se continuar assim, o Centro acaba mesmo”. Para Sellin, porém, as reivindicações dos CONSEGs são justas. “Hoje os CONSEGs deixaram de ser meras entidades que buscavam apenas obter peças para reformar viaturas e se transformaram em algo que supera as sociedades de amigos de bairros e comunidades religiosas na luta por reivindicações da população. São a prova de que a união faz a força e de que é possível mudar a realidade”. 
SOLUÇÕES POSSÍVEIS
Para os integrantes da Comissão para os Assuntos de Segurança Pública, é preciso, diante das reivindicações dos CONSEGs, buscar soluções imediatas. “Não há como não fazermos nada. A sociedade organizada, através de seus diversos conselhos, pede e exige. E cabe aos poderes Executivo e Legislativo planejar e executar o melhor possível. Cabe-nos cobrar o Executivo por medidas melhores. Somar esforços e trabalhar em parceria com a sociedade. Apoiar os CONSEGs”, afirmou o vereador André von Zuben (PPS), integrante da Comissão.
Assim, a cobrança da efetiva criação do Gabinete de Segurança do Município – prometido pelo prefeito Jonas Donizette - será feita pelos vereadores. Além disso, a ampliação do Programa Vizinhança Solidária (com a integração de vizinhos na defesa da sua rua e bairro) será alvo central, com a ajuda da Guarda Municipal (GM) na difusão dessa ideia. Aumento da segurança, através do sistema de câmeras da CIMCamp, também será cobrado no próximo Orçamento municipal, além de um trabalho integrado das inteligências das polícias Civil e Militar e da Guarda Municipal, com ampliação das redes de união de esforços e uso de estatísticas para gerar ações conjuntas.
Participaram da reunião os vereadores Tico Costa (PP), presidente da Comissão, e os seus integrantes André Von Zuben (PPS), Carlão do PT, Jorge Schneider (PTB) e Pastor Elias Azevedo (PSB).

OUTRAS REIVINDICAÇÕES
Outros problemas detalhados na reunião foram os mais diversos. Na região do CONSEG Cambuí, bares e boates com barulho em excesso e sem estacionamento se uniram ao caos no entorno do Teatro de Arena do Centro de Convivência (utilizado para a venda e consumo de drogas), roubos a caixas eletrônicos e a ação das gangues da marcha-ré.
Para região do distrito de Barão Geraldo, o representante do CONSEG local, Antônio da Silva Ramos, falou dos problemas estruturais do 7º Distrito Policial, que inviabilizam o trabalho dos policiais, em número reduzido e precisando de funcionários emprestados da Unicamp para realizarem atendimento; o aumento de estupros e roubos a residências; o difícil acesso à região depois que o entorno da Estrada da Rhodia virou ponto de implantação de diversos condomínios; festas onde muitas vezes os idealizadores pagam hotel para que os moradores saiam das suas ruas; casas que viram repúblicas e não são punidas por trocarem a destinação residencial para comercial.
Na área do CONSEG Taquaral, o crescimento no índice de roubos e furtos de veículos, principalmente no entorno do Parque Portugal; boates e bares que não respeitam os índices de silêncio, com alvarás às vezes retirados como buffets e casas de chá; automóveis com som alto, furtos contra transeuntes que usam a região da Lagoa como lazer. “No nosso caso, o avanço foi a implantação do programa Vizinhança Solidária no Taquaral. Agora estamos ampliando para 30 casas da Chácara Primavera e condomínios da Vila Madalena”, disse Luiz Roberto Gomes, presidente do órgão.
No CONSEG Sul os problemas maiores são a criação do Parque Prado, que levou cerca de 40 mil novos moradores para a região. Com esse acúmulo de pessoas, a estrutura do 5º Distrito Policial se tornou inviável devido ao número reduzido de policiais. Hás casos, como do Condomínio Água Doce, com apenas uma vaga de garagem, que obriga muitos moradores a deixar o veículo na rua. “Há hoje uma média de três roubos de carros por noite”, disse Donizete Romero, presidente da entidade. Alto índice de roubos a residências e tentativas de estupros por causa da baixa taxa de iluminação pública são outros problemas.
Na área do CONSEG Centro Oeste, a invasão do bairro Cidade Jardim; a utilização do local da antiga “feira do rolo”, na Vila Industrial, como um estacionamento; terrenos baldios com mato alto (que propiciam ladrões e estupradores se esconderem); iluminação pública precária e veículos com som alto nas noites e madrugadas, além da retirada da sede da torcida organizada Fúria da Rua Maria Soares, se juntam à reivindicação pelo fim das obras na sede do CONSEG local e a proibição da venda de bebidas alcoólicas em postos de gasolina. Segundo Solange Nigro, presidente do CONSEG, as vitórias passam pela viabilização do programa Vizinhança Solidária nos bairros Ponte Preta, Parque Industrial, Parque Jardim e Vila Industrial.

Fotos: Lucas Leite/Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Campinas

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