Segundo domingo de maio. Uma data a mais no calendário. Um dia entre
os 365 do ano. Vinte e quatro horas perdidas no tempo. Talvez...
Afinal, na velocidade do nosso dia a dia, na rotina que marca a
velocidade de tudo, bem poderia ser apenas mais um domingão que
antecipa a semana que virá, desses que a gente espera para relaxar,
se largar no sofá, esquecer o trabalho, comer a comida da “mama”.
Mas será só isso? Não. Afinal, no nosso cotidiano, que não é
apenas neste domingo específico, mas em cada um dos seis outros dias
que o cercam, tem um ser que habita cada momento por igual.
Que nos viu nascer, nos carregou por nove longos meses, deu o
alimento primeiro, nos acalentou e vestiu ao frio e nos aninhou nas
noites quentes de febre, nos deu um tapinha aqui e outro acolá para
que não tivéssemos de apanhar da vida mais tarde, não dormiu antes
da nossa chegada e amparou nossas estrepolias de adolescente com chás
milagrosos, conselhos e palavras plenas, além de carinhos dóceis
sempre que, por algum acaso, nos deixamos a chorar.
E o seu tempero... que dádiva dos deuses. Terror de nossas mulheres
(que são mães também, mas de nossos filhos) quando o toque de sal
ou segredos do fogão da “mama” supera o que é delas. E, para
não ser antiquado, que mãe não é só cozinha, como é bom vê-la
sair e trabalhar, discutir de igual para igual sobre o preço da
feira ou a inflação do governo. Vê-la produzir, criar, inventar,
comandar, falar com subordinados, ouvir, aconselhar e encaminhar
destinos – nossos e de tantos outros.
Por que mãe hoje não é só aquela feita para parir a amamentar. É
aquela que cuida, muitas vezes, de todos os filhos – dos seus e dos
que ganha pela vida. Que não depende mais de marido para viver e
seguir adiante. Que vive por suas pernas e ainda tem tempo de ensinar
os rebentos a andarem. Que ensina e aprende junto. Descobre segredos,
guarda-os no fundo de um coração sem fim e faz depois histórias de
ninar que mostram que está na hora de acordar.
Acordar para um novo mundo: mais justo e solidário. Acordar para uma
realidade que faça seus filhos e tantos outros sorrirem juntos.
Acordar para um olhar que mistura carinho e força, crença e fé.
Acordar para falar: “Filho, o que te ensinei que seja o ensinamento
que deixarás para os teus”.
Por isso, que hoje eu e todos outros filhos saibamos dizer:
“Obrigado, por tudo aquilo que aprendi contigo e no tanto que ainda
aprenderei, no muito que tem e terá a nos ensinar”.
Hoje, à minha mãe e a todas as mães do planeta, meu respeito,
reconhecimento, e a certeza de que a Terra – que é a mãe de
todos, feminina em seu nome - não sucumbirá enquanto uma de vocês
existir e parir a cada gesto essa coisa chamada amor.
Tico Costa
Filho e vereador
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