Atrasos
constantes no cumprimento dos horários. Essa foi a principal
reclamação ouvida pelos vereadores da comissão de estudos que
avalia a pontualidade e itinerários de ônibus durante uma
diligência hoje na região sul. Com o começo da ação às sete
horas, os parlamentares estiveram em pontos finais e no trajeto de
diversas linhas. Em todos locais, usuários reclamaram da
inconstância entre o que a Emdec determina nas suas planilhas de
funcionamento do sistema e a realidade das ruas. Como resultado,
pessoas que ficam muitas vezes bem além do tempo necessário para
conseguir pegar um ônibus e chegar ao seu destino final.
“Pudemos
detectar, neste primeiro dia de diligências, que há falhas no
horário, veículo lotados, problema de atendimento a cadeirante e
idosos. Por isso vamos fiscalizar as quatro regiões de Campinas e
elaborar um relatório para a Emdec. Depois, a cobrança será feita
às empresas e cooperativas para que haja regularização. O sistema
é uma concessão e há regras a serem seguidas. A Emdec tem 70
fiscais para fazer tudo funcionar. Mas, agora, com a comissão,
ganhou mais 33 fiscais. E eles são todos os parlamentares unidos
para que a população seja respeitada”, afirmou o vereador Tico
Costa (SD), presidente da comissão de estudos, que esteve na
fiscalização junto com os vereadores integrantes do grupo - Jorge
Schneider (PTB), Carlinhos Camelô (PT) e Professor Alberto (PR).
Nas ruas,
o que os parlamentares ouviram dos usuários teve uma temática
constante. “Os ônibus são uma sardinha em lata em determinados
momentos. Além disso, não tem sequer horário certo. Muitas vezes
eu já vi até motorista brigando entre eles para ver quem leva mais
ou menos passageiros. E cortar itinerário, quando atrasa, é
normal”, afirmou Maria Aparecida Pavanesco, moradora do Jardim
Anton von Zuben. Enquanto esperava o ônibus, uma rotina: dois
veículos da linha 349 (Vila Formosa/Rodoviária) chegaram no mesmo
horário no ponto final. Ou seja, sem cumprir a diferença de tempo
entre um e outro. Nesse mesmo ponto, a linha 173 (Jardim São
Vicente/Parque Itália) sequer tinha chegado no prazo determinado e
pessoas esperavam além do normal. “Vou atrasar de novo sem ter
culpa. E o pessoal da firma já está de olho. E se eu perder o
emprego, quem me dará outro? - pergunta uma usuária que não quis
se identificar.
CADEIRANTE
SOFRE NO SOL
Os
vereadores seguiram o itinerário de algumas linhas e viram usuários
parados há muito tempo nos pontos. “Tinha de servir bem [os
ônibus] e cumprir os horários. Só por que os donos das empresas
são ricos eles têm de tratar assim quem precisa do transporte?” -
questionou o aposentado Mauro Lima Dias, numa rua do Jardim
Centenário. A mesma opinião tinha o porteiro Hélio Gonçalves da
Silva, que chegou a fazer um abaixo-assinado com cerca de mil
assinaturas e encaminhar à Emdec para reclamar da linha 349. “Eles
cortam caminho, atrasam, desrespeitam idosos. Só que a Emdec mandou
um fiscal durante dois dias, que disse que estava tudo bem e depois
sumiu. Só que a verdade é outra. É só olhar o ponto lotado”,
enfatizou.
A mesma
realidade vivia hoje o cadeirante Carlos César Ferreira. Um ônibus
da linha 253 (Swift/Vila Boa Vista) simplesmente não aceitou levá-lo
com a desculpa de que a rampa do veículo adaptado para que a cadeira
de rodas possa subir ao interior do ônibus estava sem controle. “Tem
quase sempre essa desculpa. Eles estão atrasados e não querem
'perder tempo' com cadeirante. E aí você fica parado no ponto, à
espera da boa vontade de algum motorista”, disse Ferreira. Depois
de mais de meia hora sob o sol, ele pôde subir no coletivo seguinte.
Talvez pela presença dos vereadores e a imprensa, foi possível
descer a rampa e colocá-lo no veículo.
Os quatro
parlamentares entraram em outro ônibus e, no seu interior, ouviram
as mesmas reclamações comuns ao sistema. “O quadro é aquele que
nós acreditávamos que fossemos encontrar. Infelizmente, a população
não tem sido bem atendida. Há falhas visíveis no sistema. Não
chegamos a ouvir muitas reclamações quanto à instituição do
cartão para todas as viagens, mas vimos que mesmo esse item pode
melhorar. A verdade é que a comissão não se furtará a mostrar o
real quadro à Administração Municipal. E cremos que, a partir daí,
possamos minimizar ou sanar as falhas”, disse Tico Costa. Até o
final do ano, novas diligências serão feitas em horários e regiões
diferentes do município.
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