segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Tico Costa participa de programa sobre a crise na Polícia Civil



Uma realidade de desestruturação da Polícia Civil no Estado de São Paulo, onde de cada 100 boletins de ocorrência que chegam aos distritos policiais, apenas cerca de 14% se transformam em inquérito policial e, desses investigados, somente cerca de 7% chegam ao seu final com sucesso. Com esta declaração, Aparecido Lima de Carvalho, presidente do Sindicato dos Policiais Civis da Região de Campinas (Sinpol) e da Federação Interestadual dos Trabalhadores Policiais Civis da Região Sudeste (Feipol/SE), foi hoje ao programa Câmara em Debate, na TV Câmara, para relatar a crise na instituição.

Sob o comando da jornalista Mirna Abreu, o programa teve a participação dos vereadores Tico Costa (PP), presidente da Comissão para os Assuntos de Segurança Pública, e Pastor Elias Azevedo (PSB), membro da Comissão. “A realidade de apenas 7% dos inquéritos instaurados chegarem a termo mostra o tamanho do problema que temos de resolver na questão da restruturação da Polícia Civil”, afirma o presidente do Sinpol. “Mostra, com evidência, a falta de estrutura e condições de trabalho. Há carência de viaturas, homens preparados e treinados rotineiramente, aparelhos de escuta, tecnologia de ponta, com software moderno, efetivo e tempo de investigação. Infelizmente, hoje, em muitos casos, a mídia é que dá o tom do que vai ser investigado. Ou seja, a polícia acaba dedicando o seu tempo ao crime que repercute na mídia. E não poderia ser assim”, diz Carvalho.

“O que nós vemos agora é que temos quase metade do efetivo que tínhamos há 15 anos. E não podemos aceitar o desmonte da Polícia Civil que vem sendo colocado pelo governo estadual”, afirma Carvalho. Para ele, a promessa do governador Geraldo Alckmin (PSDB), feita hoje em Campinas, durante solenidade para a criação da 2ª Delegacia Seccional no município - de que haverá a contratação de mais 1.853 homens para a polícia científica e novos 2.805 cargos para a polícia civil no Estado -, não cobre as necessidades. “Hoje há um déficit de 8 mil policiais no Estado, logo essa promessa não supre as necessidades. No caso da nova Seccional, por exemplo, como criarmos uma nova estrutura se temos a falta de pelo menos 250 homens em Campinas?” - questiona. De acordo com ele, “o desaparelhamento da polícia leva à impunidade do criminoso e deixa o crime agir livre nas ruas”.



GREVE BRANCA

Para Carvalho, o movimento que a Polícia Civil tem feito nos últimos meses, de paralisações pontuais, é para garantir melhores condições de trabalho e salários à categoria. “Mas não é apenas para os policiais. É para a sociedade como um todo, para que possamos dar respostas à ela, com um trabalho muito melhor. Não aceitamos o desmonte de uma instituição centenária. Sabemos que há a Lei de Responsabilidade Fiscal e a questão do Orçamento, mas sabemos também que há sobra de caixa no Estado. O que pedimos é tão somente que haja negociação para chegarmos a um consenso”.

Segundo o presidente do Sinpol, “precisaríamos ter um reajuste de ao menos 100% para cobrir todas as perdas, mas podemos negociar esses número. Dá-se uma parte agora e se paga o restante em cinco, dez anos, parcelado. Mas que haja a negociação, vontade política do governo. O que não podemos é aceitar que policiais ofereçam as suas vidas e de seus familiares por um salário de fome, onde os reajustes se dão apenas sobre o salário base, que é cerca de 1/3 do que recebemos no final do mês. Chega de penduricalhos no salário que serão perdidos na aposentadoria”.

Diante do quadro caótico da Polícia Civil, onde dos 100 escrivães que existem em Campinas, por exemplo, apenas 47 deles estão efetivamente em inquéritos policiais – o restante está em área administrativa -, o presidente do Sinpol vê apenas um movimento mais radical como saída. “Queremos ser ouvidos e poder negociar. Caso contrário, vamos à greve branca, em estado de greve.” Ele lembrou ainda o nível de estresse que vive o policial no seu dia a dia, sem avaliações físicas e psicológicas do profissional por parte do Estado, e da excessiva burocracia existente, com “papeladas intermináveis” que levam à um entrave de investigações.

Diante do quadro, para os vereadores Tico Costa e Pastor Elias Azevedo, o apoio da Comissão para os Assuntos de Segurança Pública é total. “Hoje, com o crime se especializando e se fortalecendo cada vez mais, vemos a Polícia Civil na contramão. E isso não se dá por culpa dos policiais. Por isso pregamos e apoiamos uma restruturação total da instituição”, afirmou Tico Costa. O vereador e presidente da Comissão reiterou a apresentação de uma moção, a ser lida na sessão de hoje e enviada ao governador do Estado e ao secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, reivindicando melhorias para a Polícia Civil - tanto para a questão salarial como o reaparelhamento e melhores condições de trabalho. “Temos hoje debatido muito o apoio às revindicações da Guarda Municipal e da Polícia Militar, no caso das carências do Corpo de Bombeiros, por isso não podemos nos furtar aos problemas vividos pela Polícia Civil. Afinal, é a questão da segurança de todos nós que está em jogo. Uma polícia forte pressupõe uma sociedade melhor protegida”, disse Tico Costa. 
(Foto: Lucas Leite/Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Campinas)

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