Obter
subsídios de outros municípios para a nova lei que irá
regulamentar o transporte escolar em Campinas. Esse foi o tema da
reunião que aconteceu hoje, na Câmara Municipal, entre os membros
da comissão especial que estuda as mudanças na atual legislação
da categoria. Com a presença do secretário da
Mobilidade Urbana e Sistema Viário de Rio Claro,
José
Maria Chiossi, que veio falar das regras na sua cidade, e presidida
pelo vereador Tico Costa (SDD), a comissão aos poucos alinhava a
estrutura da nova lei para o setor, que é de 1979 e precisa se
adequar à atual realidade de mercado.
Em
Rio Claro existem hoje 118 autorizações para o transporte escolar.
A base de vagas no sistema é de um veículo para cada 1,7 mil
habitantes. Como a base é o censo populacional, pode haver mudanças
nesse total depois de algum tempo. Lá, ao contrário de Campinas,
onde hoje é possível a participação de pessoas jurídicas com
diversas autorizações, apenas pessoas físicas podem atuar no
setor. A entrada de novos perueiros se dá por oferta pública e a
permissão é concedida pelo prazo de um ano, onde mesmo aqueles que
já trabalham têm de renová-la após 365 dias. E nessa renovação
há regras que devem ser atendidas por todos, sejam novos ou
veteranos.
As
exigência são: um veículo com idade inferior a 10 anos de uso,
prova de moradia fixa em Rio Claro, curso de direção e categoria D
na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Pesa para a escolha
daqueles que terão a autorização, para a classificação entre
vagas existentes e candidatos, o tempo de carteira de habilitação,
ter filhos menores de 14 anos e ser o mais velho de idade. O condutor
não pode, também, ter nenhuma infração grave de trânsito no
período. Para cada carro, é preciso um motorista auxiliar
cadastrado. “Nas reuniões para a escolha são chamados todos os
concorrentes. Dessa forma, um pode ver a documentação do outro e
comprovar a lisura do pleito”, afirma Chiossi.
Para
os novos condutores que quiserem entrar no sistema, é necessário
apresentar no ato da escolha que ele possui um veículo dentro das
normas (tem que ter entre oito e 30 lugares). Não é permitida a
compra posterior à classificação - o que, de certa forma cria um
empecilho àqueles que desejam ser perueiros só como forma de ter
algum ganho por algum tempo.
Mas,
mesmo com regras rígidas para o transporte escolar, ainda assim há
clandestinos no sistema. “Eles são um pouco mais do que dez e nós
tentamos, dentro do possível, restringir que circulem no município.
Mas a Secretaria de Mobilidade
Urbana e Sistema Viário não tem um corpo de fiscalização próprio.
Dependemos da Guarda Municipal para exercer esse papel. Contudo, nem
sempre há a colaboração imediata”, diz Chiossi. Os carros
legalizados junto à Secretaria são padronizados, o que viabiliza
aos pais reconhecerem e os diferenciarem dos clandestinos. Contudo,
como a cobrança é regulada pela lei de mercado, livremente, muitas
vezes há a opção pelos clandestinos, que cobram menos.
“Conseguimos,
com a lei, que é de 2008, reduzir os aventureiros no setor. Lá,
brincávamos, que o sujeito quando era demitido e pegava a sua
rescisão ou virava perueiro ou vendedor de x-burguer. Hoje só
sobrou o x-burguer”, diz o secretário. Afinal, na normatização,
não cabe sequer que a pessoa vire um “negociador” de
autorizações. Se a pessoa desistir de ser transportador escolar,
ele pode repassar a licença para a mulher ou filho – desde que
esses estejam dentro das normas exigidas – ou mesmo vendê-la a um
terceiro. Contudo, neste caso, terá de recolher à Prefeitura uma
taxa que gira em torno de R$ 800,00. Além disso, ficará fora das
futuras autorizações por cinco anos. Hoje, cerca de 80% dos
transportadores escolares de Rio Claro são mulheres.
MELHORIAS
Para
Chiossi, o único problema que ele vê na lei é a obrigação de já
se ter o veículo anteriormente à entrada na disputa pela vaga.
“Acho que ela poderia ser mais flexível. Como fazemos a renovação
e damos as novas permissões em outubro, talvez pudéssemos esperar
até janeiro para a aquisição do carro, já que o novo perueiro já
teria cumprido as exigências mínimas. Haveria, depois, um tempo
para ele comprar e adequar o veículo às normas exigidas. Se não o
fizesse, perderia a chance de entrar no sistema”, , enfatiza o
secretário. Na fase de habilitação deste ano, por exemplo, nove
vagas para o sistema ficaram em aberto, por falta de qualificação
para se completar o número que seria permitido. O Município ainda
arca com o transporte escolar de fretados escolares para alunos das
redes de ensino municipal e estadual. Mas, neste caso, ao contrário
do transporte escolar particular, há licitação formal apenas com
pessoas jurídicas.
Para
a próxima reunião da Comissão, a se realizar em janeiro, será
feito um convite para que um representante da Secretaria de
Transportes e Sistema Viário (Setransv) de Americana participe do
encontro para dar mais subsídios ao estudo. Participaram da reunião
representantes da Emdec/Setransp, Secretaria Municipal de Educação,
Grupo de Apoio ao Transportador Escolar de Campinas (Gatec),
Sindicato do Transporte Escolar de Campinas e Região (Sintescamp) e
assessores dos vereadores Vinícius Gratti (PSD) e Edson Ribeiro
(PSL).
(Fotos: Lucas Leite/Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Campinas)
Com certeza um marco para a cidade de Campinas, que volta as origens, ou seja ser pioneira nas ações públicas do estado de São Paulo.
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